quarta-feira, 17 de junho de 2009

É possível aprender a ser feliz? | O POVO Online - Jornal do Leitor

A Filosofia contribui sobremaneira com as questões humanas. Refletir sobre o que queremos da vida deveria ser um hábito, que leva à saúde física, mental, emocional e por ai vai…

Creio que baseando nossos pensamentos em conceitos e princípios dos grandes filósofos da história, podemos nos orientar melhor no viver bem.

O texto a seguir nos remete a uma bela reflexão sobre a simplicidade do viver e recomenda que são os relacionamentos que nos fazem felizes. Será? Isto é o que Epicuro pensava. E você o que pensa? O que sente?

Você pode ser feliz apenas com a própria companhia?

O que vale a pena viver?

O que escolho viver?

O que é uma necessidade minha ou da sociedade?

Enfim, filosofia, psicologia, neurociências, e tantas teorias que ditam o viver bem. O que será que cada individualidade poderá construir para ser feliz??? Arisque-se, construa a tua, respeitando a si e ao próximo!

Boa reflexão!

por Marly Molina

É possível aprender a ser feliz?

O que mais propicia uma vida feliz são os relacionamentos humanos

Edilson Santana
23 Mai 2009 - 01h32min

As pessoas mais felizes do mundo não têm suas ruas asfaltadas, não dispõem de riquezas significativas e contentam-se com pouco. Para elas, a vida gira em torno da comunidade, da família e de tudo que podem fazer de bom às outras pessoas. Vida simples, trabalho honesto e nada de preocupação.
Será que dinheiro, consumo e poder podem trazer felicidade, se determinados anseios, apesar de satisfeitos, são sucedidos por outros e assim infinitamente, com uma rapidez que a mente humana não suporta? O conceito de riqueza é muito relativo. O sonho da independência financeira não passa de estímulos alucinantes impostos pelo sistema capitalista, provocando uma sede de poder, cujo objetivo a maioria da sociedade não alcança.
No entanto, dinheiro e prestígio estão no topo das metas a serem atingidas, à frente da família e dos amigos, o que é deveras surpreendente considerando-se que os valores que proporcionam felicidade encontram-se totalmente invertidos. O que mais propicia uma vida feliz são os relacionamentos humanos. Em seguida, vêm o sentimento de fazer algo útil, a perfeita condição de saúde e o gozo da liberdade. É redundante dizer, pois, que a maioria dos ocidentais ricos vive de modo inteiramente equivocado em relação aos seus valores. Fazem escolhas duvidosas, desejam uma segurança que provavelmente nunca alcançarão, sacrificam a autodeterminação por um salário mais alto e compram coisas que não necessitam, com a finalidade de impressionar gente das quais não gostam, com dinheiro que, efetivamente, não têm. Trata-se de um problema de dominação ideológica de cunho materialista, que suprime a vontade e impõe as regras do jogo.
Há mais coisas na vida que trazem felicidade do que apenas querer tudo. Desejos materiais geram um estado contínuo de insatisfação do qual não é possível escapar. Não são - por si só - o bem-estar e o dinheiro, nem mesmo idade, gênero, aparência, inteligência ou grau de educação, que tornam a vida plenamente feliz. A felicidade verdadeira é constituída, principalmente, por uma vida prazerosa, pela fruição de uma vida bem vivida, pela inclusão e pelo contentamento de desejos pessoais. Isso é razoável. A questão, entretanto, é como alcançar uma vida dessas. É possível obter uma meta tão desejável? É possível aprender a construir a própria felicidade? Em caso positivo, como fazê-lo?
Em resposta, Epicuro, filósofo grego que nasceu por volta de 341 antes de Cristo, na ilha de Samos, sugere que não é a posse, mas as relações sociais que trazem a felicidade mais duradoura. Os epicuristas, de maneira geral, defendem que uma pessoa equilibrada é a que retira sua felicidade das muitas pequenas alegrias da vida, a que vence os seus medos e a que vive em harmonia com os outros.
A psicologia contemporânea concorda com o velho pensador ao dizer que a felicidade pode e deve ser produzida e, para tanto, recomenda: “Quem não ocupa sua mente faz com que ela diminua em um processo que, usualmente, é acompanhado por sentimentos de desprazer”. Complementa Epicuro: “A regra é viver em sociedade!”. E explicava aos seus discípulos a importância de apreciar o “aqui” e o “agora” – o ramo das flores, a beleza das formas. “Prazeres escolhidos e nos quais nos concentramos aumentam a alegria de viver e tudo o que fazemos deve ser feito por inteiro”. “Antecipar o futuro rouba o momento”. “Exigir demais ou de menos de si mesmo são erros comuns”. A sabedoria da felicidade recomenda não levar a vida muito a sério e aprender a evitar algumas fontes de desprazer. Uma das mais danosas é a comparação. Quem compara perde e se angustia.
Ademais, lidar de modo leve com a contrariedade é uma sábia atitude. Saber extrair da própria infelicidade o seu lado bom. Certas pessoas que carregam grandes sofrimentos físicos dizem que viveram mais intensamente desde o início de sua doença. Crises, dificuldades e até golpes fatais possuem também seu lado curativo.
Por outro lado, é importante não insistir em circunstâncias nas quais não há o que mudar. De que adianta enaltecê-las sem as mínimas condições para concretizá-las?
A questão da felicidade, filosoficamente falando, pode até estar esclarecida. Porém, do ponto de vista da psicologia, ainda há muito a ser desvendado. Até quando a humanidade permanecerá tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante, da bem-aventurança, embora, de certo modo, seus caminhos possam ser ensinados e apreendidos?

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