quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Fibromialgia: uma dor que não passa

Fibromialgia: uma dor que não passa

Márcia Wirth

A fibromialgia é definida como uma síndrome de amplificação dolorosa não inflamatória e crônica, na qual a maior queixa é uma dor que ‘não dá sossego’, ‘constante’, ‘que nunca passa’. “Geralmente, os pacientes relatam que a dor atinge o pescoço, os braços, a coluna, as pernas. Muitas vezes é percebida como uma sensação de peso em uma parte do corpo. Em outras, compara-se a um forte aperto, uma queimação, um ardor", explica o geriatra Eduardo Gomes, diretor da rede de clínicas Anna Aslan. (www.annaaslan.com.br).

Embora suas primeiras descrições tenham sido registradas no século 19, somente em 1976, após as publicações do psiquiatra Harvey Moldofsky e do reumatologista Frederick Wolfe, a fibromialgia foi caracterizada como uma doença orgânica, que atinge de 2% a 5% da população. No Brasil, a porcentagem representa um número em torno de 3,5 a 8,9 milhões de portadores. Nos Estados Unidos, já é considerada um problema de saúde pública e afeta cerca de seis milhões de americanos. “Em geral, a doença atinge pessoas entre 30 e 60 anos, embora apareça também em adolescentes e crianças. Tem prevalência entre as mulheres, na proporção de oito a dez para cada homem”, informa o médico Eduardo Gomes, que também é especializado em terapia ortomolecular.

A fibromialgia é classificada como uma síndrome porque se caracteriza por um conjunto de sintomas. "O que está presente em todos os quadros é a dor difusa pelo corpo inteiro, presente na maior parte do dia", diz Eduardo Gomes. Em geral, a dor vem acompanhada de algumas outras manifestações como formigamento, irritabilidade, enxaqueca, cólon irritável, pernas inquietas e distúrbios do sono. "Os pacientes que apresentam a fibromialgia geralmente dormem mal, têm sono leve, entrecortado, não reparador. Ao despertar, a pessoa fica com a sensação que não descansou nada", explica o especialista.

É comum ainda que os fibromiálgicos apresentem alterações de humor, com quadros de depressão ou de ansiedade. De acordo com pesquisas, 25% dos portadores apresentam sintomas de depressão junto com dores difusas, enquanto 50% relatam aos médicos que já tiveram crises depressivas, antes de surgir o quadro doloroso.

Causas para o aparecimento da doença

As causas para o aparecimento da doença são multifatoriais. Embora não exista uma única causa palpável, como um tumor, uma inflamação ou uma lesão, a fibromialgia não é uma questão puramente psicológica. Os especialistas acreditam que sua origem está em uma alteração no mecanismo do controle da percepção e da modulação da dor. A presença de níveis aumentados de substância P (da palavra inglesa pain, dor), associada à menor quantidade de serotonina e noradrenalina, explicam, em parte, o aumento da sensibilidade dolorosa a ponto de um estímulo que normalmente causaria um pequeno desconforto ser sentido como uma dor de intensidade amplificada.

Quando existe uma baixa de serotonina e noradrenalina, há o aumento da sensação dolorosa porque o funcionamento do mecanismo de inibição da dor fica prejudicado. Depois, estes neurotransmissores que inibem a dor também têm a importante função de regular o humor. Por isso, níveis reduzidos desses neurotransmissores estão associados a quadros depressivos que, por si só, podem aumentar ainda mais a sensação de desconforto.

Como parte do quadro clínico, ocorrem também alterações em substâncias como o NMDA e o GABA, perpetuando a cronicidade do incômodo generalizado. “Como conseqüência, esses pacientes têm hiperalgesia, uma resposta exagerada a um estímulo doloroso, e alodínia, que é a sensação de dor proveniente de um estímulo geralmente não doloroso”, explica Eduardo Gomes.

Para diagnosticar a doença

Para diagnosticar adequadamente a fibromialgia é preciso estar atento aos seus vários sintomas. "O diagnóstico da doença é clínico, pois os exames complementares são absolutamente normais. Ele se baseia na presença do quadro característico de dor e no reconhecimento de pontos predefinidos que sejam dolorosos à pressão dos dedos do especialista", diz Eduardo Gomes.

Para estabelecer o diagnóstico da fibromialgia é preciso conhecer em detalhes a história do paciente, escutar suas queixas e procurar fatores emocionais ou quadros de depressão ou ansiedade. “Embora não sejam as causas diretas, as condições emocionais estão intimamente ligadas à enfermidade. Em nossas clínicas, fazemos também um exame complementar: um check-up celular, feito por meio de um microscópio eletrônico, que nos ajuda a chegar a um diagnóstico preciso. Dispomos também de um teste preditivo, o DetoxiGenomic, que aponta a suscetibilidade genética para o aparecimento da fibromialgia”, destaca o diretor da rede de Clínicas Anna Aslan.

Tratando a moléstia

Não existe uma terapêutica única para livrar o paciente de uma vez por todas das dores no corpo, problemas de sono, irritabilidade ou depressão associados. Mas a intensidade dolorosa poderá diminuir, com a evolução do tratamento, assim, a qualidade de vida poderá melhorar: "O tratamento da fibromialgia precisa ser individualizado. Se houver alguma doença associada, ela deverá ser tratada para eliminar mais essa causa de sofrimento. E assim se procede com cada uma das doenças associadas. Dentro do conceito da terapia ortomolecular, procuramos equilibrar este paciente, fazendo alterações significativas no seu estilo de vida. Por exemplo, aconselhamos o paciente a não ficar parado. Atividades físicas aeróbicas e de baixo impacto, como uma caminhada; e/ou um trabalho de musculação bem dosado são benéficos, pois aumentam os níveis de endorfinas, melhoram o bem-estar e ajudam no relaxamento", informa Eduardo Gomes.

O médico destaca que em alguns casos, juntamente com os exercícios, é necessário empregar medicamentos para manter a dor sob controle. “São prescritos medicamentos que atuam sobre os níveis de serotonina, melhorando o processo de inibição da dor e as mudanças de humor", explica.

Fonte: Comunique-se

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